segunda-feira, 21 de maio de 2007



“ O homem precisa de lucidez para garantir a fantasia do sonho do poeta. Ninguém é poeta sem o sonho e sem o mistério”.
Barros Pinho


— “Carta do Pássaro” traz poemas autobiográficos?

Barros Pinho - Toda a literatura traz a marca da vida do autor, sendo um pouco autobiográfica. “A Carta do Pássaro” é a realidade e a fantasia de minhas vivências na infância, no engenho do meu avô à beira do rio Parnaíba. Rio que leva e lava a minha solidão.

— Parece-me que o senhor é romântico e também religioso. Estes dois vértices são constantes na sua poesia?Barros Pinho - Sou romântico pelo avesso. Os pés no chão é a vida, a realidade. Não se pode fugir da vida, da realidade. O dedo no céu é o sonho, o encanto, a aventura de viver. O sublime presidindo o destino do poeta.

— O senhor passou parte da infância na ribeira do Parnaíba, engenho do seu avô. Que lembranças mais fortes o senhor trouxe para “Carta do Pássaro”?

Barros Pinho - A “Carta do Pássaro” é marcada pelo azul, pelo vermelho e pela terra. O rio Parnaíba, a infância, o cordel, o engenho da cana de açúcar, as chapadas, as matas do Guabiraba e das morenas cheirando a leite. A mulher e o rio estão dentro do texto como se estivessem saindo da minha alma. Completam-se no ritmo e na palavra. Não há limites entre o sonho, fantasia e realidade. Somente o rio que leva e lava a minha solidão.

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