quinta-feira, 10 de maio de 2007

natal dos simples

barros pinho



canto o natal na reza
ao debulhar o milho
tirando da espiga
o sol de vida que se forma
na terra nas mãos dos simples
o menino de nazaré colhe
surpresas a convidar os deuses
no olimpo a ouvir ouvir
o anúncio do galo no azul
da última aurora disponível
o vento nas árvores dos passarinhos
sem nunca saber do triste
alegram o verde da natureza
a cinza do incenso das formigas
das abelhas acendendo o castiçal
do sonho dentro da noite
o labor extremo do vaga-lume no rastro
lúdico das estrelas no gosto
dos rios no andar dos peixes
submetidos ao exercício do homem
a procela do mar no barco sem
bússola imantando de luz
a procura da paz o tempo
nas bibliotecas livros fechados
com restos de saudades nas
léguas de pasto o gado a se
multiplicar comendo solidão
canto o natal nas capelas
retraídas sem o vitral das catedrais
pelos homens pelas mulheres ávidos
de amor traindo antes de amar
na tarde a completar a esperança
das ovelhas as menos bíblicas
ou nas fotografias impregnadas
do silêncio de ontem nas paredes
na missa da meia-noite era um
altar nos olhos tímidos
no susto da primeira namorada
natal deixa guardar em ti
apenas a dúvida da infância

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